domingo, 18 de novembro de 2007

O SILÊNCIO QUE INCENTIVA

Jornal do Brasil - 07/11/2007
Paulo Julio Clement, Editor de Esportes
Como sempre, o atleta envolvido em caso de doping nega o fato. Na tentativa infeliz de camuflar seu ato diante dos mais modernos métodos de análises. Como sempre, as autoridades do esporte nacional fecham os olhos e a boca. A CBDA se esconde e diz que espera outras confirmações. O Comitê Olímpico Brasileiro, muito pródigo em declarações ufanistas quando o assunto à autopromoção, também pede para não dizer nada antes do pronunciamento dos órgãos internacionais. Ou seja, negar, desviar o foco, fingir que não está acontecendo nada não é prática exclusiva do atleta. Seus chefes, os dirigentes de entidades, agem assim. Preferem a desinformação e o silêncio omisso.
Tudo isso serve, de certa forma, como uma espécie de estímulo para alguns atletas "jogarem com a sorte" e tentarem ludibriar um dos princípios básicos do esporte, que é a lealdade. Uma pena que a suspeita sobre Rebeca Gusmão tenha contornos cada vez mais definidos de verdade. Mestre Eduardo De Rose, membro da comissão de dopagem do Comitê Olímpico Internacional, não vê chance para ela.
O Pan encheu o Brasil de medalhas mas, como se sabe, está longe de corresponder à verdade do esporte mundial. Ano que vem, em Pequim, diante das potências internacionais e uma delegação americana de primeira, o Brasil ganhará bem menos do que as 54 medalhas de ouro obtidas no Rio de Janeiro. Mas esperamos que as poucas que pingarem sejam autênticas e fruto da superação de verdadeiros grandes atletas.

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