quinta-feira, 28 de novembro de 2013

CORRIDA VERTICAL: SUBINDO E FUGINDO DA ROTINA DAS CAMINHADAS
 
Foto: Gimletup/ThinkStock
Foto: Gimletup/ThinkStock
Por Anderson Lopes

Em 10 de novembro de 2009, 18 dos 29 estados brasileiros ficaram sem luz. A região Sudeste foi a mais atingida. São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo permaneceram quase por inteiro sem energia, assim como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Segundo o governo, ocorreram falhas em 3 linhas de transmissão que levam a energia de Itaipu (maior hidroelétrica do país) para o Sudeste, provocando um dos maiores blackouts da história do Brasil.

Agora você se pergunta “o que isso tem haver com o tema desse artigo?”… Tudo! No momento do apagão histórico brasileiro, muitas pessoas, que residem em prédios, sem gerador, tiveram a oportunidade de experimentar subir, e a grande maioria, de conhecer os vários lances de escada que separam o térreo dos seus apartamentos. Sem outra alternativa, o jeito foi encarar a longa subida.

O curioso é que tem muito atleta amador se especializando nessa nova modalidade de corrida, o skyrunning ou corrida vertical. Já existe até um órgão internacional que normativa e organiza os diversos eventos no mundo, a Federação Internacional de Sky Running, atualmente presidido pelo italiano Marino Giacometti.

Na Europa, o skyrunning é praticado há muito tempo. Originalmente, as provas ocorrem em trechos de montanhas, daí a justificativa do nome do esporte. As provas objetivando a subida em lances de escada em prédios dissidiu dessa.

Em 29 de Agosto de 2010 foi marcada pela primeira competição de corrida vertical no Brasil. Juntamente com a Itália, Estados Unidos, Inglaterra, Suíça, Alemanha, Austrália, Taiwan, Espanha e Cingapura, o país passou a fazer parte do calendário oficial da modalidade. São Paulo sediou o evento, realizado no quinto maior edifício da cidade.

Nos Estados Unidos, a modalidade é tradicional. Em 8 de Fevereiro de 2012, Nova York, pleno inverno norte-americano, aconteceu a 35ª edição Empire State Run-Up. Os atletas subiram os 1.576 degraus do arranha-céu mais famoso da cidade. Na disputa feminina a neo-zelandesa Melissa Moon, 42 anos, completou o difícil percurso em 12 minutos e 39 segundos. Na masculina, Thomas Dold finalizou a sua corrida vertical em 10 minutos e 28 segundos. O norte americanos sagrou-se hepta-campeão do evento.

O recorde ainda pertence ao Australiano Paul Crake, que em 2003 marcou o seu nome na história do esporte alcançando 9 minutos e 33 segundos.
Mas a prática da corrida vertical tem as suas diferenças comparada à corrida horizontal, a começar pelo gasto energético.

Pesquisadores do Departamento de Cinesiologia (estudo dos movimentos humanos), da Universidade do Estado da Pensilvânia, concluíram em 2010 que subir escadas, duas de cada vez, proporciona gasto enérgico maior que subir uma. A descoberta foi confirmada pela maior ativação dos músculos extensores (responsáveis em afastar um membro do corpo do outro) dos tornozelos e joelhos.

Nas corridas em montanhas o ar torna-se rarefeito, isto é, a concentração de oxigênio por metro cúbico de ar é menor, exigindo ajustes orgânicos no número de hemácias, para transportar esse oxigênio em maior quantidade por minuto no sangue aos músculos em esforço. Isto ocorre por causa da menor pressão atmosférica. Apenas o treinamento em exposição a ambientes hipobáricos (baixa pressão atmosférica) pode reduzir o desconforto de correr nessa condição.

Independente de correr na horizontal ou vertical, busque o que mais gosta e vença, a cada passada, os seus limites.