sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

QUEBRA DE BRAÇO

NOVO COMANDO DA PM DO RIO EXONERA DEZ OFICIAIS
31/01 - 13:02, atualizada às 16:00 31/01 - Bárbara Skaba, do Último Segundo
O novo comando da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro exonerou, desde quarta-feira, oito coronéis e um tenente-coronel que ocupavam cargos de comando na corporação, além de um major. Todos faziam parte ou apoiavam o grupo chamado de “coronéis Barbonos”, que exigem melhores condições de trabalho e equiparação dos salários da PM com os da Polícia Civil, além de se posicionarem contra o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. A insatisfação do grupo aumentou com a substituição, na terça-feira, do comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Angelo, pelo coronel Gilson Pitta Lopes. Além deles, o chefe do Estado-Maior, coronel Samuel Dionísio, foi substitído por Carlos Suarez David. Os dez oficiais exonerados do cargo de comando foram transferidos para a Diretoria Geral de Pessoal (DGP) da PM. O setor é considerado a "geladeira" da corporação, onde os policiais ficam sem função operacional.
Os nomes dos oficiais afastados de suas funções foram passados nesta quinta-feira pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). Foram exonerados o chefe de gabinete do ex-comandante Ubiratan, Hildebrando Esteves, o diretor-geral de Finanças, Carlos Jorge Fogaça, e os comandantes do 4º Comando de Policiamento de Área (CPA), de Niterói, Ronaldo Antonio de Menezes, da Escola Superior de Polícia Militar, Leonardo Passos Moreira, das Unidades Operacionais Especiais, Dário Cony, da Academia da Polícia Militar Dom João VI, Rodolpho Oscar Lyrio Filho, da Direção Geral de Apoio Logístico (Dgal), Renato Fialho Esteves, e da DGP, Francisco Carlos Vivas.
Além desses coronéis, também foram afastados o comandante do 18º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Joziel Havani dos Santos, e o major Wanderby Braga de Medeiros, do 4º CPA. Wanderby é o responsável por um blog que, segundo a SSP, publicou mensagens com ofensas a Beltrame e ao governador Sérgio Cabral.
A SSP informou ainda que os dez oficiais foram exonerados de seus cargos porque tinham contra eles provas de insubordinação. Os demais participantes do chamado grupo dos “Barbonos” e os presentes na passeata realizada no último domingo, que reuniu pelo menos 200 policiais, serão investigados pela Corregedoria Interna da PM. As punições serão feitas de acordo com o grau de participação no movimento e de “insubordinação”.
Os cargos dos oficiais já foram todos ocupados, segundo a SSP, que divulgou quatro deles. Para as Unidades Operacionais Especiais, foi realocado Álvaro Garcia, que era do Regimento de Cavalaria. Mário dos Santos Pinto, ex-comandante do 2º CPA, foi transferido para o 4º, no lugar de Ronaldo de Menezes. O comando da DGP ficou com Daltro Crespo Zuma, que já ocupava uma função dentro do órgão. Já Paulo César Ferreira, considerado um militar da linha dura e comandante do 14º Batalhão, foi promovido para o comando do 2º CPA.
SEGURANÇA GARANTIDA
Beltrame afirmou, nesta quinta-feira, que as mudanças não afetarão a segurança do Rio durante o carnaval. "Existe comandante, existe chefe do Estado Maior, e vamos em frente. Não há o que se colocar mais com relação a isso", afirmou. Ele também negou os boatos de que o Exército poderia ocupar cargos de comando em batalhões. "Quem cuida da segurança do Rio é a polícia do Rio", disse. Segundo ele, os cargos serão ocupados por outros oficiais da PM. "Pretendemos mudanças estruturais. Entre elas, a possibilidade de que oficiais inferiores venham a ter a sua vez em cargos de frente na PM. É um caminho que iniciamos e que não tem volta", disse.
A CRISE NA PM
A crise na Polícia Militar foi desencadeada pelas exigências dos "Coronéis Barbonos", ligados ao coronel Ubiratan Angelo. O nome que intitula o grupo é uma referência à antiga Rua dos Barbonos, atual Evaristo da Veiga, no centro da capital fluminense, onde fica o Quartel-General (QG) da polícia - antes, conhecido como Quartel dos Barbonos. Como o grupo de manifestantes saiu de dentro do QG, resolveu dar o nome ao movimento. Em julho de 2007, eles enviaram uma carta, conhecida como "carta dos Barbonos", ao governador, pedindo por melhorias salariais e nas condições de trabalho. No documento, os signatários se comprometiam a não aceitar cargos de comando.
O novo comandante-geral, coronel Pitta Lopes, foi um dos coronéis que assinou e, por isso, foi considerado "traidor" pelos colegas ao aceitar o cargo. Ele se justificou na quarta-feira, em entrevista ao "RJTV", da TV Globo. “Não estive presente na passeata. Participei de um grupo de oficiais que, naquele momento, dentro da hierarquia, estava mandando um documento ao governador e ao secretário de Segurança pedindo melhorias. É completamente diferente de agora”, afirmou. Os problemas da PM ficaram evidentes na mídia com o caso dos quatro policiais que foram fotografados saqueando um caminhão de cerveja no bairro Lins de Vasconcelos, localizado na zona norte do Rio, no último dia 18. Segundo a Polícia Militar, os oficiais foram chamados para averiguar um roubo a caminhão na Rua Baronesa de Uruguaiana. Os assaltantes teriam fugido e abandonado o veículo, que teria sido saqueado pelos PMs. A cena foi flagrada por um fotografo amador.
A passeata na orla da zona sul com policiais exigindo melhores salários agravou a situação. Eles foram liderados pelo coronel Paulo Ricardo Paúl, que havia sido afastado do cargo de corregedor-geral da PM no sábado. O afastamento se deu um dia depois de ele publicar em seu blog um texto chamando para a manifestação e exigindo melhorias. O secretário José Mariano Beltrame, que classificou o ato como "insubordinação".
A troca do coronel Ubiratan Angelo pelo coronel Pitta Lopes no comando-geral aumentou a insatisfação de oficiais com Beltrame. Um grupo de pelo menos 40 oficiais chegou a pedir exoneração de seus cargos em protesto. Entre eles, estão os oito coronéis e o comandante do 18º BPM cujos afastamentos foram anunciados hoje, além do comandante do Batalhão Prisional de Benfica, tenente-coronel Fernando Príncipe, que pediu o afastamento ontem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa Instituição, a PM, caiu no descrétido da população com os fatos que temos acompanhado pelos telejornais. As últimas, como a dos PM subtraindo cervejas de um caminhão roubado, ou a do Coronel honesto e linha dura, que foi assassinado por não aceitar fazer parte de uma quadrilha fardada.
A PM tem que ser reformulada rapidamente. Ser melhor treinada, ter remuneração digna, ter segurança possível no seu trabalho e ter um código disciplinar rígido e eficiente, para afastar os maus policiais.