DEUS NO PALANQUE
Por Alberto Dines
Lamentável: a vantagem competitiva oferecida pela racionalidade em vez de pacificar os instintos só os exacerba. Em termos concretos significa que a busca da paz genuína compreende um esforço ostensivo dos envolvidos para retirar da pauta dos contenciosos todos os ingredientes capazes de fomentar o fervor religioso ou a ferocidade confessional.
Em outras palavras: é preciso tirar Deus da arena política. Há indícios de que isto está acontecendo na Europa - prova de que o Velho Mundo ainda é uma referência - porém na Ásia e na África religião é dinamite pura. No mitológico Novo Mundo, sempre associado à imagem de liberdade, a religião foi imposta a ferro e fogo. Na parte setentrional do continente, mais de cinco séculos depois da chegada de Colombo, encontramos uma situação não muito diferente daquela que existia em 1492, quando a Espanha expulsava os mouros e os judeus do seu território.
Hoje, nos EUA (segundo a “Economist” de 16/8, p.35) cerca de 90% dos cidadãos declaram-se religiosos, 63% acreditam que a Bíblia é a palavra divina e que religiosidade é prova de bom caráter. Apenas 42% dos norte-americanos afirmam que votariam num agnóstico ou ateu para a presidência enquanto 56% votariam num homossexual e 93% aceitariam um negro.
Esta exótica religiosidade numa comunidade tão diversificada e numa civilização tão materialista produz situações singulares como o primeiro encontro dos dois candidatos à Casa Branca, Barack Obama e John McCain, realizado no megatemplo do poderosíssimo pastor Rick Warren na Califórnia, semana passada. Obama veio para mudar, conseguiu ser pós-racial, pós-ideológico, mas não conseguiu ser pós-religioso. Sequer tentou.
Na Íbero-América, a conversão forçada dos nativos e a presença da onipotente, onisciente e implacável Inquisição criou um paraíso monolítico católico que agora começa a ruir diante do formidável avanço das seitas protestantes de variadas filiações. Sem o apoio das massas, certos grupos e ordens ligados ao Vaticano (como a Opus Dei), tentam barrar este avanço evangélico através de um grande empenho na área da comunicação social onde os evangélicos estão poderosamente inseridos.
As eleições de Outubro têm tudo para transformar-se no primeiro round de um confronto formal e ostensivo entre evangélicos e não-evangélicos graças à presença de Marcelo Crivella (PRB) como candidato à prefeitura carioca. Sua eleição anterior para o Senado foi apenas um ensaio: sua postulação a um cargo majoritário, numa cidade-vitrine como o Rio de Janeiro, dá outra dimensão a uma disputa que em outras circunstâncias seria no máximo partidária. Agora é mediática, aos pés do Redentor, portanto religiosa.
Na antiga Cidade Maravilhosa está a sede do poderoso Grupo Globo, cujo maior competidor é a TV Record, carro-chefe da Igreja Universal, de propriedade do bispo-empresário Edir Macedo, tio do candidato Crivella, por enquanto líder nas pesquisas.
Crivella tem o apoio do governo federal, seu partido é o mesmo do vice-presidente da República e do ministro Mangabeira Unger, que aposta numa reedição da história de sucesso da Coréia do Sul onde a opção pelo protestantismo foi estratégica.
Os desdobramentos de um eventual confronto são preocupantes. Embora administrada como empresa multinacional, a Igreja Universal adota um proselitismo agressivo. Seu poderio eleitoral, sobretudo nos segmentos menos favorecidos, pode potencializar conflitos subjacentes. Nas comunidades carentes do Rio onde atua, até a panfletagem precisa ser aprovada pela bandidagem ou pela mílicia (o que vem dar no mesmo).
Deus nos palanques tira Marx da jogada. Religião deixou de ser o “ópio do povo”, porém nada impede que se converta em “coração de um mundo sem coração e alma da condição desalmada”.
Guerras religiosas são insaciáveis. Mais nocivas do que as produzidas pela fome.
3 comentários:
Quem sabe, sabe...! Irretocável texto...
Inventaram Sócrates como símbolo da figura do filósofo, modelo de retidão de caráter e de humildade sábia. Condenado pelos poderosos, morreu de acordo com o costume da época: auto-envenenamento.
Inventaram Jesus como símbolo do religioso, modelo de retidão, de humildade religiosa. Condenado pelos poderosos, morreu de acordo com o costume da época (séculos depois de Sócrates): pregado na cruz.
Uma bela invenção grega. Uma bela invenção romana. O problema é que os filósofos não são necessariamente justos, como Sócrates. Nem os cristãos seguem os preceitos do modelo encarnado por Jesus.
Mas o que fizeram os cristãos na história? Praticaram todo tipo de maldade em nome dessa bela invenção chamada Jesus. Nisso diferem dos filósofos. Nisso Dines está certo: se Deus (seja o Deus Cristão, seja o islâmico) continuar sendo usado nos palanques para justificar os atos dos que se dizem cristãos, aí é um perigo. E se a população eleger um sujeito dessas seitas cujo fanatismo é aflorado, podemos ter uma guerra religiosa no futuro. E esta é, realmente, pior que as guerras econômicas.
Reforçar o modelo romano não está dando resultado. Então, temos que criar outro modelo. Quem sabe, um modelo brasileiro. Criou-se a Escrava Isaura. Então, pode-se criar um personagem para os novos tempos. Dizem que brasileiro é criativo. Então, mãos a obra gênios da pátria!
Avelino Ferreira
*Melhores Slogans de Campanha Eleitoral*
*10º lugar* - Guilherme Bouças, com o slogan:
'Chega de malas, vote em Bouças.'
*9º lugar* - Grito de guerra do candidato Lingüiça, lá de Cotia (SP).
'Lingüiça Neles!'
*8º lugar* - Em Descalvado (AL), tem um candidata chamada Dinha cujo slogan é: 'Tudo Pela Dinha.'
*7º lugar* - Em Carmo do Rio Claro, tem um candidato chamado Gê.
'Não vote em A, nem em B, nem em C; na hora H, vote em Gê.'
*6º lugar* - Em Hidrolândia (GO), tem um candidato chamado Pé.
'Não vote sentado, vote em Pé.'
*5º lugar* - E em Piraí do Sul tem um gay chamado Lady Zu.
'Aquele que dá o que promete.'
*4º lugar *- A cearense chamada Debora Soft, stripper e estrela de show de
sexo explícito. Slogan: 'Vote com prazer!'
*3º lugar *- Candidato a prefeito de Aracati (CE):
'Com a minha fé e as fezes de vocês, vou ganhar a eleição.'
*2º lugar* - Em Mogi das Cruzes (SP), tem um candidato chamado Defunto:
'Vote em Defunto, porque político bom é político morto!'
*1º lugar* - Em Campos dos Goytacazes (RJ) tem um candidato a prefeito chamado Arnaldo França Viana, o Popozão:
Slogan "Vote em mim, sou o candidato do coração"
P.S. - este corrupto, homossexual e corno teve a candidatura indeferida pelo TRE pois teve 3 contas rejeitadas no estado e outra no TCU (Tribunal de Contas da União), e mesmo assim continua fazendo campanha. O povo ignorante e os seus asseclas continuam achando que ele vai se eleger. Só eles acreditam que esse facionara ainda é candidato. E quando a ficha deles cair, o plano "B" é a adultera da Ilsan Viana assumir a candidatura. Hahahahahahaha
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