sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O NÓ DO AMOR

Numa reunião de pais numa escola da periferia, a diretora ressaltava o apoio que os pais devem dar ao filhos e pedia-lhes que se fizessem presentes o máximo de tempo possível. Considerava que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhassem fora, deveriam achar um tempo para se dedicar e entender as crianças.
Mas a diretora ficou muito surpreendida quando um pai se levantou e explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana, porque quando ele saia para trabalhar era muito cedo e o filho ainda estava dormindo... Quando voltava do trabalho já era muito tarde e o garoto já não estava acordado.
Explicou, ainda que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família, mas também contou que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa.
E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia religiosamente todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.
A diretora emocionou-se com aquela singela história e ficou surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.
O fato faz-nos refletir sobre as muitas maneiras das pessoas se fazerem presentes, de se comunicarem com os outros. Aquele pai encontrou a sua, que era simples mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai estava lhe dizendo. Por vezes, nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos o principal que é a comunicação através do sentimento.
Simples gestos como aquele beijo e um nó na ponta do lençol, valiam para aquele filho, muito mais do que presentes ou desculpas vazias. É valido que nos preocupamos com as pessoas, mas é importante que elas saibam, que elas sintam isso.
Para que haja a comunicação é preciso que as pessoas “ouçam” a Linguagem do nosso coração, pois, em matéria de afeto, os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras. É por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afeto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o medo do escuro. As pessoas podem não entender o significado de muitas palavras, mas sabem registrar um gesto de amor.
Mesmo que esse gesto seja apenas um nó num lençol...

2 comentários:

Roberto Moraes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Roberto Moraes disse...

Vitor,

Aguardamos também a participação do seu blog:

Dia 21 de janeiro, dia do abandono!

O blog gostou e já assumiu a proposta, do sempre marqueteiro Vitor Menezes, o dos blogs e fotologs locais assumirem conjuntamente, o próximo dia 21 de janeiro, como uma data de denúncias coletivas com fotos e textos mostrando o abandono da cidade. A boa idéia do Vitor surgiu das denúncias que isoladamente temos feito do descaso e do abandono do município de Campos.

Será uma primeira manifestação virtual e coletiva de quem assumiu este instrumento de uso da rede como espaço de lutas, informação e debates. Assim no próximo dia 21 estaremos todos, espero, o blog "Urgente", "Assim que penso" do Ricardo André, "Comentários" do Fábio Siqueira, os blogs do Luciano Azevedo, do Félix Manhães, a TroLha, etc. e ainda outros que serão listados aderindo e expondo situações de abandono da bilionária cidade de Campos.

Abs,