sábado, 6 de outubro de 2007

Esporte não combina com Vaidade

*Prof. Vitor Augusto Longo Braz A Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, através da Fundação que tem a incumbência de gerir o esporte e fazer com que mais pessoas possam praticar alguma atividade e, dessa forma, desenvolver o esporte através da inclusão social, da educação e da integração, realizou “A Volta Ciclística de Campos”, evento acontecido semestre passado em nossa cidade. Participaram deste evento atletas de várias capitais do Brasil e de vários países vizinhos, tendo inclusive, um estrangeiro como vencedor, que abocanhou o prêmio e uma significativa quantia em dinheiro. Eventos como este, na minha opinião, representam um gasto vaidoso. Os comentários são de que foram gastos (não investidos) algo em torno de R$ 350.000,00 (trezentos e cinqüenta mil reais), valor próximo a meio milhão de reais. O que se torna, no mínimo, bizarro, é que nessa competição esportiva não havia sequer um campista inscrito para competir. Gastamos (repito não investimos) uma quantia expressiva de dinheiro para satisfazer os interesses da FME, de Federações e Associações. Acontece, porém, que nada ficou para Campos em termos de lastro esportivo. Nas últimas provas ciclísticas de São Salvador, o campista que chegou mais bem colocado ficou aquém do que o nosso povo desejaria. Contudo, justiça seja feita, foi um evento muito bem organizado, mas também com toda essa grana! Todo e qualquer investimento, principalmente no esporte merece sempre elogios e reverências. Investimento, segundo meu entendimento, é todo recurso que se aplica e que traz algum retorno, para aquelas atividades que se desenvolveram com o erário público. Não posso concordar que as ações que os gestores do esporte de Campos tem tomado, em relação ao esporte em nossa cidade, signifiquem investimento. Para mim não passam de gastos excepcionais, pois não trazem nenhum retorno para a cidade. Pagar folhas salariais astronômicas a profissionais de outros centros para formar equipes de alto nível, alugar dezenas de imóveis para acomodar esses forasteiros, entre outras ações, é, ao meu ver, um grande desperdício de dinheiro público, somente para atender a vaidade dos que comandam o esporte em Campos. Que retorno esses forasteiros trazem para Campos? Quando acabar o contrato deles, eles se vão e não deixam “nadinha” para a cidade. Afinal, eles não têm comprometimento nenhum com a nossa cidade. Não consigo conceber o esporte sem ações relacionadas com o desenvolvimento social e sem estar comprometido com a educação. Se todos esses recursos fossem investidos, através de um amplo chamamento de nossas crianças para serem iniciadas ou aprimoradas no esporte, se fossem construídos centros de treinamento ou, até mesmo, vilas olímpicas para que essas crianças pudessem se aperfeiçoar. Se nesses centros fossem dotados de postos de saúde, de atendimento social e colégios de aplicação para treinamento de futuros profissionais de Educação Física, aí sim eu vislumbraria retorno, um investimento. Temos duas Universidades com cursos de Educação Física em Campos. Pelo que me consta as Universidades são centros de excelência. Porquê não aproveitar esses centros de excelência e os profissionais egressos dessas universidades? Há alguns dias li uma nota oficial publicada na primeira página de um jornal que dizia: “o esporte em Campos é fruto de profundo estudo e ações que visam retirar das ruas crianças carentes e afastar os jovens das drogas”. O esporte deveria mesmo servir para este fim. A nota citada me soou como piada, ou acho que os dirigentes do esporte de Campos querem nos passar recibo de idiotas. Que estudo é esse que sequer as Entidades representativas da Educação Física participaram? Temos uma Gerência de esporte, que como o próprio termo sugere, deveria gerenciar os recursos disponíveis para sua pasta, para desenvolver as diversas modalidades esportivas, dando oportunidade a todos. O que se vê, hoje, é um gasto sem retorno e, sem ter a abrangência que o princípio da inclusão social denota. Campos não possui atletismo, com exceção de alguns abnegados corredores de rua, que não tem reconhecimento e valor para a FME, haja visto o manifesto publicado em um diário local, a bem pouco tempo. As demais modalidades esportivas, do atletismo, como salto em distância, salto em altura, arremesso de peso, corridas em pista, salto com vara, arremesso de disco, que são modalidades, onde os praticantes, são, via de regra, menos favorecidos sócio-economicamente e por isso deveriam ter uma atenção mais especial do poder público, ou seja, são esportes caracterizados pelo maior apelos sociais, carecem de investimentos. Só para reforçar: Campos não possui ao menos uma pista de atletismo, ou melhor, a única que existe em nossa cidade é a do 56º BI. Nessa os pouquíssimos atletas que praticam o atletismo se recusam a treinar, devido às irregularidades do piso e o risco de lesões que o impediriam de participar de outras competições, em outras cidades, é claro. O esporte não pode servir como instrumento de concretização de vaidade. O gestor público não deve, ao meu ver, usar de sapato alto, afinal de contas tudo é passageiro, e por último, brado, Esporte é coisa séria!

Um comentário:

Anônimo disse...

O PRESIDENTE DA FME É VAIDOSO?NÃO É NÃO!VAIDADE É COISA DE NARCISISTA.