sábado, 6 de outubro de 2007

Minha Trajetória Política Ideológica:Militância, Independência e Decepções.

*Prof. Vitor Augusto Longo Braz Desde muito novo convivo com a política partidária. Herdei esse veio político do meu pai. Desde o fim da década de 50 até o início da década de 60, quando eu nem era nascido, meu pai militou na política sindical. Na ocasião, ele, chofer de praça, sua labuta profissional, o qual tirava o sustento da família, ocupou o cargo de presidente do seu sindicado – atualmente sindicato dos motoristas de táxi. A partir da daí, passou a militar na política partidária, tendo sido eleito vereador pelo PTB, em 1966. Eu tinha apenas dois anos de idade quando meu pai, Augusto Longo Braz, um “Getulista” convicto, começou exercer a vereança. Com o fim do pluripartidarismo, ele se filiou a Aliança Renovadora Nacional, ARENA, que era um partido de direita, conservador, o qual, na minha opinião, se encaixava plenamente com o perfil ideológico do meu pai. No início da minha adolescência, nos anos 80, meu pai já tendo abandonado a tempo a política partidária, passou a ajudar o meu cunhado, Adauto Gomes, na sua candidatura a vereador pelo PMDB, atuando como coordenador de sua campanha. Na primeira tentativa ao cargo eletivo, Adauto não teve sucesso, apesar de tido uma votação expressiva. Na eleição seguinte, Adauto foi eleito, com uma votação significativa, sendo o terceiro vereador mais votado. Na campanha eleitoral de 1984, Adauto, novamente com a coordenação de meu pai, se reelegeu Vereador, tendo ocupado cargos na mesa diretora da Câmara Municipal de Campos, se não me engano a 1ª secretaria do legislativo municipal. Nessa época, já no fim da minha adolescência, me filiei ao PMDB, por influência do meu cunhado e, de certa forma, pela admiração que tinha por políticos renomados a nível nacional, como: Walter Silva, Ulisses Guimarães, Tancredo Neves e tantos outros. Porém, não tive a fidelidade partidária que se exige dos seus filiados. Na campanha eleitoral para deputados em 1984, apoiei para deputado estadual, o Prof. Jorge Steinhilber - PSB, que coordenava uma campanha nacional pró-regulamentação da profissão de Educação Física. Foi um voto coorporativo. Minha simpatia política-ideológica, porém, passou a ser com o PSDB, o Partido da Social Democracia Brasileira, logo após a sua fundação, em 25 de junho de 1988 (eu tinha 24 anos de idade), por um grupo de social-democratas dissidentes do PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro, insatisfeitos com os rumos do partido e com a política adotada pelo governo de José Sarney. Passei ater uma admiração por essa sigla partidária, tanto pela sua postura democrática social, como pelos baluartes da política nacional, intelectuais que demonstravam uma postura ideológica harmônica com o mundo contemporâneo. Esse grupo fundador do PSDB era composto por intelectuais e políticos articulados sob a liderança de Fernando Henrique Cardoso (então senador), Mário Covas (também senador à época), Franco Montoro, José Serra, José Richa, Teotônio Vilela Filho, Sérgio Motta, Magalhães Teixeira, Geraldo Alckmin, Eduardo Azeredo, Aécio Neves, Maria de Lourdes Abadia, Arthur Virgílio, Euclides Scalco, Almir Gabriel, Arthur da Távora, Eduardo Mascarenhas, entre outros. Dentro da ideologia desse grupo de políticos, eles acreditavam, na época, que o governo Sarney havia "de se constituir no primeiro da Nova República para se fazer o último da velha República." Segundo afirmou Fernando Henrique Cardoso, “do ponto de vista ideológico, o partido não poderia ceder, permanecendo onde estava, continuando com a sua linha ‘de centro-esquerda’ ou, centro olhando para a esquerda". Como curiosidade e enriquecimento para o leitor, os filiados do PSDB são conhecidos como "tucanos", pois o partido adotou a ave como símbolo. Dados obtidos através de pesquisas que fiz, isto se deu em uma das reuniões preparatórias da formação do PSDB, em Brasília, em abril de 1988, quando a representação de Minas Gerais propôs que houvesse um símbolo para simplificar a identificação do partido e para facilitar sua comunicação com a população, sugerindo, como símbolo, um tucano. Depois de acalorada discussão, a proposta foi aprovada, pela evidência das razões apresentadas. A figura do tucano tem três importantes significações: 1. O tucano de peito amarelo lembra a cor da campanha das diretas-já, movimento do qual participaram vários de seus fundadores; 2. O tucano é um dos símbolos do movimento ecológico e da defesa do meio ambiente, em voga nas décadas de 1980 e 90, o que renderia ao partido uma boa imagem (de modernidade e ligação com temas importantes contemporâneos) frente à opinião pública; 3. Trata-se de uma ave "brasileira", característica importante para indicar a suposta preocupação do partido com a realidade nacional, ou seja, a de que o partido não entende a social-democracia como uma "fórmula" pronta para ser aplicada no Brasil, um país com realidades distintas dos países da Europa, o berço da ideologia social-democrata. Neste sentido, o tucano procuraria representar o entendimento de que é preciso formar um programa social-democrático que se encaixe e atenda às realidades do Brasil. Seu código eleitoral é o 45. É de se ressaltar que o PSDB foi criado originalmente com o objetivo de representar a socialdemocracia no Brasil. Entre as principais propostas originais do partido, encontram-se a instituição do parlamentarismo no plano político e uma economia de mercado regulada pelo Estado, com participação mais livre das empresas privadas e de investidores internacionais. Tem status de observador na Organização Democrata Cristã da América (ODCA). Com este núcleo partidário, o PSDB foi formado pela confluência de diferentes pensamentos políticos contemporâneos. Da vertente trabalhista, o PSDB adotou a prioridade do trabalho sobre o capital, a ética, a solidariedade e a participação comunitária foram assimiladas dos pensadores católicos personalistas, e das ações políticas dos líderes europeus da pós-guerra. Trouxe do socialismo sua vertente democrática e, do comunismo a luta dos trabalhadores por direitos iguais, inclusive no voto, e inclui ainda o combate ao totalitarismo de esquerda e direita, preponderantes no século XX. Alterações políticas significativas no cenário mundial, como por exemplo a Queda do Muro de Berlim, tornaram a distinção entre esquerda e direita mais complicada. No Brasil, a dificuldade de se distinguir a posição do partido no espectro ideológico ficou maior no passado recente do país. As controvérsias em torno do uso dos termos "esquerda" e "direita" aumentaram, especialmente após um dos principais partidos de esquerda do Brasil, o Partido dos Trabalhadores (PT), ter passado a adotar políticas mais centristas. Dentro desse contexto, em 2003, entrevistado pelo jornal do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do partido, afirmou que independentemente da posição assumida pelo PT, a posição do PSDB deveria permanecer a mesma. O Partido da Social Democracia Brasileira é atualmente um dos cinco maiores partidos políticos brasileiros e, dentre estes cinco, é o de mais recente fundação. O PSDB é um partido político brasileiro cujos militantes e simpatizantes geralmente se classificam como de centro-esquerda. Alguns críticos e intelectuais, de esquerda, no entanto, por considerarem que o partido demonstra características neoliberais, citam-no como sendo de centro-direita, ou até mesmo de direita. Esta classificação, entretanto, é constantemente discutida dentro do partido. Documentos de autoria de seus integrantes debatem a respeito da validade atual desta classificação, questionando as diversas interpretações semânticas dos termos. Atualmente a Terceira via de Anthony Giddens é também uma das ideologias assumidas pelo partido. Minha participação mais efetiva, como simpatizante e militante do PSDB, se deu quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a presidência da República. As principais marcas positivas do governo FHC, que me enchiam os olhos, foram o fim da hiperinflação, que, antes de seu governo, chegava a mais de 6.000% ao ano, obtendo-se assim a estabilidade monetária e a criação de programas sociais pioneiros, como o bolsa-escola, o vale-gás e o bolsa-alimentação, além do início da reforma do Estado, com a implementação, por exemplo, do Ministério da Defesa, da Advocacia-Geral da União e da Controladoria Geral da União. Todo esse histórico do PSDB, relatado acima, fez-me ser mais do que um simpatizante do Partido, um militante. Em Campos, a resistência implacável do PSDB contra os governos municipais herdados de Garotinho, e que sempre estiveram apontados e marcados por desmandos, corrupção e atrasos no campo desenvolvimentista, teve no deputado Paulo Feijó, do PSDB, um símbolo de resistência, se tornando a maior liderança política de oposição, desde seu primeiro mandato eletivo, como vereador, em 1988. A postura de Paulo Feijó fez-me ter uma aproximação com ele, através do empresário e ex-sargento do Exército, Sr. Ivanildo Cordeiro, que na ocasião se aventurou numa candidatura a deputado estadual, pelo extinto Partido Liberal - PL, e que contou com meu amplo e irrestrito apoio político e de solidariedade. Numa auto-avaliação, considero-me o maior fã que Paulo Feijó já teve, e ele meu maior ídolo político. Fui tão “extasiado” por Paulo Feijó, que me julgo o maior cabo eleitoral que ele já teve. Pode ser até que não tivesse os milhares de votos que enchem os olhos dos políticos, mas, com certeza, o ajudei muito, usando da minha humilde liderança como professor de mais de mil alunos/ano, como empresário e como pessoa bem relacionada na sociedade campista. Eu era um cabo eleitoral fiel, aguerrido, um dos defensores dos mais implacáveis de suas ações, atitudes e postura política. Tornei-me, de certa forma, uma caricatura do deputado Paulo Feijó, segundo muitas pessoas e políticos me estigmatizam. Minha bandeira política partidária era Paulo Feijó e o PSDB. Cheguei a ponto de tornar-me subserviente, em determinadas situações, ao meu líder político. Entrei em batalhas e discussões políticas infrutuosas em seu favor, sofrendo, por conseqüência retaliações, em determinados momentos, pelos que ocupavam o Poder, como calotes, ações de fiscalização revanchistas e repletas de ódio, ameaças de ações judiciais, terrorismo psicológico, etc. Mas nada disso me intimidava. Eu era, sem sombra de dúvidas, o maior escudeiro de Paulo Feijó, não só em Campos, como em outras cidades que possuo relacionamentos de amizade. Só para dar como exemplo: se chamassem Feijó de “sanguessuga” ou de “mensaleiro” eu partia até para as “vias de fato” em sua defesa. Não admitia esse rótulo, dado pela grande imprensa nacional e local, ao meu ídolo político e amigo. No entanto, em determinado momento da minha vida, onde a maturidade que a idade proporciona aos humanos, e a análise dos fatos que passaram a ocorrer internamente dentro do PSDB local, me causaram certa surpresa e decepção. A primeira delas, que relevei, por ter entendido, ou convencido pelo meu líder, da necessidade de tal ato, foi à intervenção, a partir de instâncias superiores do PSDB, por ocasião da eleição de 2000, quando ex-prefeito de campos, José Carlos Vieira Barbosa, o Zezé Barbosa, filiado ao PSDB, ameaçou bater chapa na convenção do partido com, o então, pré- candidato a prefeito, deputado Paulo Feijó, para ser o indicado pelo partido como o candidato do Partido à sucessão municipal. De imediato, Paulo Feijó se articulou em Brasília, ou Rio de Janeiro, não sei bem, e interviu no diretório local, destituindo a diretoria, que tinha na presidência meu amigo Dinho Paravidini, e nomeando, se não me engano, o empresário e, também amigo, Demerval Crespo para a presidência do partido, por ser de sua inteira confiança, e, dessa forma, ter a garantia de ser o indicado pelo partido ao pleito municipal. Esta atitude, autoritária e antidemocrática, relevado por mim, conforme relatei acima, foi fruto de uma cegueira que tinha me acometido em relação ao meu líder político. Porém, “Dinho” Paravidini também é um grande amigo, de uma lisura moral e de um ideal político que não abre mão para atalhos, ou seja, um sujeito reto e convicto de suas ideologias. Este fato, o da intervenção no partido, orquestrada pelo deputado Paulo Feijó, causou um profundo constrangimento ao amigo “Dinho” Paravidini, pois toda essa manobra deu a entender que Feijó e seus assessores mais próximos, não o tinham como confiável na direção do partido. Embora subserviente, no fundo do meu intimo e de meu caráter, achei uma tremenda “sacanagem”, pois o “Dinho” sequer foi comunicado oficialmente. Soube desses fatos pela imprensa. O resultado desta manobra é que o, tanto ético, como idealista e correto, “Dinho” largou o PSDB e, apesar dele não declarar, percebo em conversas particulares com ele, que guarda uma profunda mágoa do ex-deputado Paulo Feijó e do seu ex- partido. Outra análise que faço, é que apesar do fato de o PSDB intitular-se como um partido democrático e ético, as decisões e rumos do partido, a nível local, sempre foram definidos por uma “meia-dúzia” de quatro ou cinco integrantes da executiva. O PSDB de Campos, não tem, ou não conseguiu formar um grupo político coeso, composto por companheiros, ou melhor dizendo por parceiros de lutas, muitas inglórias. Talvez, seja essa uma das razões que não possua um sequer vereador na Câmara Municipal de Campos. Nildo Cardoso e Otávio Cabral, que se elegeram pela legenda, tão logo começou o ano legislativo, descambaram para outras siglas, de acordo com suas razões próprias e interesses que me fogem ao conhecimento. Mas, para não estender muito este artigo, confesso que fiquei muito triste e decepcionado, quando o Presidente Nacional do PSDB, senador Tássio Jereissati, ao explodir o escândalo dos “sanguessugas” e dos “mensaleiros” no Congresso Nacional, e tendo Feijó como um dos citados num destes escândalos, ia “cortar na própria pele”, ou como se diz no popular: “pegar Feijó para Cristo”, sob o argumento que o PSDB era um partido ético e que não se admitia membros do partido envolvidos em praticas delituosas. Feijó, então, antes de enfrentar um julgamento sumário pela comissão de ética para expulsa-lo do partido, pediu sua desfiliação partidária, faltando poucos dias das eleições para deputado. Ficou, dessa forma, impedido de concorrer a um novo mandato, o que era praticamente assegurado. Ressalte-se por importância, que estávamos as vésperas das eleições presidências e esse escândalo prejudicava, em muito, a candidatura de Geraldo, do PSDB. Isso, ao meu ver, foi uma das outras tantas “sacanagens” que hoje, com a visão desanuviada da cega paixão pelo PSDB, consigo enxergar. Apesar da minha admiração ideológica pelo PSDB e de todo esse apoio, para não dizer fanatismo, pela figura do ex-deputado Paulo Feijó, é importante fixar que nunca fui filiado ao partido. Era um “soldado”, para dizer não dizer “guerrilheiro”, pois não tinha a credencial da filiação. Nestes episódios políticos que desgastaram bastante Paulo Feijó, não me faltou solidariedade consigo, sendo um dos primeiros amigos que prestou apoio, confiança e solidariedade ao meu ídolo político. Hoje, estou extremamente decepcionado com a postura do PSDB local e como o ex-deputado Paulo Feijó, que faz parte do projeto de coalizão política do Prefeito Dr. Alexandre Mocaiber, e, por conta desse apoio, teve a oportunidade dada pelo prefeito de indicar o secretário municipal de esportes. Falando por mim, Feijó simplesmente abandonou seus mais fiéis seguidores. Nem um telefonema mais foi me dado (é bom que se diga que recebia telefonemas de Feijó, até de Brasília, para apenas conversar assuntos outros, que não eram políticos), nem uma esperança de oportunidade de desenvolver projetos de eventos esportivos importantes para o desenvolvimento dessa área em Campos, que é a minha área, e que nunca tive da municipalidade por ser seu partidário político. Fui literalmente ignorado por Feijó e pelo PSDB local. Ressalte-se, por importância, que nas últimas eleições municipais, em 2004, quando Feijó concorreu ao cargo de Prefeito, fui chamado pela sua coordenação política, através de Ivanildo Cordeiro (presidente da FME) e de Sérgio Mendes (presidente da CODENCA), para traçar o programa de políticas públicas em relação ao esporte. Mas aprendi que na política, como na vida o “mundo gira e ao mesmo tempo não sai do lugar”. Pelo que sei, Feijó é candidato a vereador nas eleições municipais de 2008, e, pode ser, que este fato mude sua postura em relação aos seus amigos fiéis, aqueles acima de quaisquer suspeitas de interesses menores, sejam motivos de reflexões e de maior valorização àqueles que sofreram de tudo, desde humilhações a perseguições políticas, ao se doaram de corpo e alma pela sua causa. Por último quero dizer que me afastei do PSDB local, sem “brigar” com nenhum membro do partido, mas, sobretudo, por descobrir que o PSDB não é um partido de grupo, de coletividade, de solidariedade, de companheirismo. O que eu vejo, na verdade, em Campos, é que o PSDB não é um ninho de tucanos, mas um ninho de “serpentes traiçoeiras”, num sentido figurado. Que o atual presidente do PSDB de Campos, o Robson Colla, não se surpreenda, se ele for à bola da vez das “sacanagens” que esta sigla, a nível local, tornou uma prática.

Um comentário:

Anônimo disse...

è isso aí! A linha do amor e do ódio é muito tênue. Amor e ódio andam em paralelo. Não dê o devido valor aos verdadeiros amigos que se corre o risco de ter faze-lo dele o seu pior inimigo.