terça-feira, 29 de novembro de 2011

Correr é o mesmo que pedalar?

Esse é um questionamento que talvez uma grande parte dos Profissionais de Educação Física, principalmente os que trabalham em Academias, são constantementes interpelados pelos seus alunos. Numa pesquisa informal pela net com intuito de aprofundar-me mais sobre essa temática encontrei e repasso aos leitores desta página uma explicação de muita clareza, coerência e, sobretudo, sob a luz do saber científico.  

O que torna-se necessário saber para responder aos que nos questionam é que a prescrição de um treinamento para condicionamento físico geral, com foco em saúde, deve-se cobrir as bases das qualidades físicas mais amplas: capacidade cardiorrespiratória, força e resistência muscular e flexibilidade. O foco em cada uma será desenvolvido conforme a necessidade e a programação do treinamento.

Falando sobre condicionamento cardiorrespiratório, quais devem ser as atividades a serem desenvolvidas? Rapidamente, a resposta deve ser “todas as atividades que se baseiem na solicitação desse sistema de forma considerável”. Logo, temos a caminhada, a corrida, o ciclismo, a natação, o remo e várias outras que tenham como característica uma execução cíclica, de intensidade moderada mantida por um tempo considerável, ou seja características inerentes ao que se intitula de atividades aeróbicas. Dessa forma, todas as atividades podem ser aplicadas para manutenção ou melhora do sistema cardiorrespiratório. A forma como uma ou várias modalidades serão abordadas é o que conta, sempre com o foco no sistema cardiorrespiratório.


Apesar das execuções das atividades serem diferentes, o foco estará no sistema cardiorrespiratório, então essas modalidades podem cobrir o quadro de exercícios aeróbios na periodização. Mas é justamente nas diferenças onde encontramos o que é preciso para escolher uma ou outra modalidade na prescrição do treinamento.

Pensando apenas na corrida e no ciclismo, vemos claramente as diferenças no gesto motor, na execução das atividades e nas possibilidades de realização. A corrida pode ser realizada na rua ou na esteira, com algumas mudanças na execução, tem um recrutamento de grupos musculares diferentes do ciclismo, existe um comportamento metabólico mais eficiente para todo o corpo (também resultando em maior gasto calórico para um mesmo tempo e intensidade). Já o ciclismo muda radicalmente da rua para a bicicleta estacionária, diminuindo muito a intensidade sem a resistência do ar, se altera o recrutamento muscular com o uso da sapatilha (calçado especial para o ciclismo que se “trava” no pedal), além do desenvolvimento da técnica de pedalada em equipe.

Ao mesmo tempo em que existem similaridades entre o ciclismo e a corrida, existem as diferenças, e essas são as que contam na decisão de qual modalidade realizar. Por exemplo, o trabalho de força para quadríceps, bíceps femoral e gastrocnêmio pode ser feito durante os treinos de sprint no ciclismo com o uso da sapatilha, já que no pedal é gerado torque durante todo o ciclo da pedalada. Logo, nesse dia, o trabalho de força para esses grupamentos musculares já foram realizados concomitantes ao treino cardiorrespiratório, bastando completar com os exercícios para os membros superiores e tronco.

Outros dois pontos importantes são a preferência do praticante por uma das modalidades sugeridas pelo treinador; e também o objetivo, caso tenha uma corrida de 10km para participar ou um passeio ou viagem de bicicleta em vista. Então, no momento da prescrição do treinamento é fundamental levar em consideração a função geral da modalidade e suas manifestações específicas.

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