CPI DO TCE OUVE PEÇA-CHAVE EM ESQUEMA QUE LIGAVA SIM A 180 MUNICÍPIOS
Responsável pela contabilidade do Instituto de Gestão Fiscal SIM, Cleide Maria Alvarenga Andrade negou-se a falar sobre o inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga fraudes na aprovação de contas de prefeituras de Minas Gerais e do Rio. Ela foi ouvida, nesta quinta-feira (30/04), durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Rio criada para investigar fatos relativos a denúncias de corrupção contra conselheiros do Tribunal de Contas do estado (TCE-RJ).
A contadora, que também é esposa de Sinval Drummond de Andrade, dono da SIM, afirmou que, das empresas investigadas, é responsável pelas contas de 70% delas. Embora a depoente não tenha dado muitas informações, a presidente da CPI, deputada Cidinha Campos (PDT), disse que o depoimento acrescenta elementos para a conclusão dos trabalhos. "A gente junta uma palavra ali, outra aqui, observa as reações, como seu incômodo quando tocávamos no assunto das planilhas encontradas pela PF em seu computador, e sempre pegamos alguma coisa. Segundo a PF, ela é uma peça-chave no entendimento de todo o esquema que ligava a SIM a mais de 180 municípios", afirmou a pedetista.
A parlamentar questionou Cleide sobre a acusação do ex-advogado da SIM Marcelo Abdalla, ouvido pela comissão no dia 10 de março em Belo Horizonte, de que as planilhas tinham códigos que faziam menção a propinas e perguntou se a contadora conhecia alguns dos nomes que constavam na investigação da CPI. Ela negou-se a responder a pergunta. Sobre as acusações de ameaças de morte recebidas por Abdalla e que vêm sendo creditadas à esposa de Sinval, Cleide disse que a hipótese era absurda. "E eu tenho cara de quem ameaça ou mata alguém? Há pontos neste relatório que dá vontade de rir e chorar ao mesmo tempo, de tão absurdos", queixou-se a contadora. A deputada lamentou que a depoente não quisesse falar sobre as questões levantadas, mas reafirmou que se manter em silêncio "é um direito dela, garantido pela Constituição". "Ninguém vai violar este direito, mas há um momento em que ele acaba porque, perante o juiz, todos terão que falar. O que faremos aqui será incrementar o processo da PF com mais provas, porque não precisamos de confissão para condenar ninguém", destacou a parlamentar.
Através da quebra de sigilo de Sinval Andrade, a CPI verificou um depósito feito por um mercado de propriedade do pai de Cleide, localizado em Timóteo (MG), no valor de R$ 150 mil, ao instituto SIM, no dia 5 de fevereiro de 2007. "Este mesmo valor retornou às contas do mercado dois dias depois. Por que um mercado mínimo mandaria um valor como este para uma empresa tão grande?", questionou Campos. Alegando não lembrar o motivo do empréstimo, a contadora disse que a ajuda foi feita entre membros da família, o que considerou normal. Em relação ao valor que teria sido emprestado, ela alegou não ser significativo. "Esse valor, R$ 150 mil, não é muito dinheiro, é pouco", afirmou. Vice-presidente da CPI, o deputado Marcelo Freixo (PSol) reforçou a declaração de Cidinha Campos dizendo que o trabalho da comissão visa a aprofundar as investigações e encontrar mais subsídios para embasar o inquérito policial. Para os membros da CPI, a real finalidade dos depósitos destes cheques será desvendada até o final dos trabalhos da comissão, mas a presidente já alertou: "Não podemos afirmar, mas parece lavagem de dinheiro".
Outros depoentes desta quinta, Maria Verônica de Souza Madureira e José Antônio Sanches Azevedo, funcionários requisitados do TCE-RJ, apresentaram atestado médico e não compareceram. A CPI avaliará a necessidade de pedir auxílio de uma junta médica para examiná-los, assim como fará com Edson Arger, outro convocado que, na ocasião de seu depoimento, não compareceu alegando problemas de saúde. Ainda durante a reunião, que também contou com a presença do relator da CPI, deputado João Pedro (DEM), a comissão aprovou o pedido de prorrogação dos trabalhos por mais 60 dias, a ser requerido em até um mês.
Fernanda Pedrosa
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