QUESTÃO DE PRIORIDADE ?!
Nestes últimos meses tenho ido com grande frequencia a Lagoa de Cima, principalmente do lado de Ibitioca. Mesmo nos dias de semana, assim que a localidade começou a sofrer com as cheias, tenho estado lá com minhas crianças conversando com um ou outro morador. Nestas minhas idas e vindas fiz inúmeras amizades com moradores do distrito e pude sentir de perto o sofrimento em que estão passando aquela gente neste momento dificil.
Como se não bastasse as perdas materias decorrentes das cheias, o povo trabalhador que vive da pesca enfrenta a época do defeso. E não é raro as reclamações, sobretudo, do Poder Público quanto ao atraso e, mesmo, do não recebimento do subsídio governamental que lhes permitem a sobrevivência neste período. Mais ainda: reclamam da ausência de representantes da municipalidade no local, para prestarem ao menos um pouco de solidariedade.
Neste fim de semana conversei com vários moradores de Pernambuca, Lagoa de Cima e Ibitioca e perguntei-lhes se algum secretário tem ido lá saber dos seus problemas e das necessidades dos respectivos locais. A resposta unânime foi de que sentiam-se abandonados pelos setores responsáveis da municipalidade. Diziam-se que, de certo modo, estavam um pouco decepcionados com determinados secretários e políticos. Alguns chegaram a afirmar que o secretário que deveria lhes prestar mais assistência não gostava de pobres, que o negócio dele é atender aos ricos. Em todo momento da conversa ouvi os moradores (humildes trabalhadores) de forma absolutamente calada. Deixei-lhes desabafarem.
E olhem só o fato que motivou-me a escrever esta postagem: hoje pela manhã ao sintonizar no programa da Rádio Educativa, apresentado pelos jornalistas Gianinno Sossai e Jorge Luís, ouvi uma entrevista feita ao provedor da Santa Casa de Misericórdia de Campos, Sr. Benedito Marques. Logo no início da sabatina dos jornalistas, o provedor comentou sobre um convênio do Hospital de Apoio Manoel Cartucho, que também é administrado pela Santa Casa e que atente a pacientes de mais idade e de internação longa. Disse, entre outras coisas, que havia feito um convênio com a Secretaria de Meio Ambiente, no sentido de se fazer um bosque dentro da grande área que abriga o referido hospital de apoio.
Fiquei então a pensar "com meus botões": A Secretaria Municipal de Meio Ambiente não deveria estar priorizando ações junto a uma das Regiões mais sofrida e necessitada da cidade nos últimos meses (Lagoa de Cima)? Não deveria agilizar a questão dos que tem direito ao subisídio do defeso e ainda não receberam? Não deveria, neste momento em que águas dos rios e da Lagoa baixaram, para viabilizar melhorias nos acessos dos moradores a suas residências? Não deveria estar com ações voltadas para preservação de um dos mais ricos e belos eco-sistema do País, cobrando, por exemplo, da Águas do Paraíba uma ETE no local para evitar o despejo de esgoto na Lagoa?
Da mesma forma fiquei a pensar: será que o hospital Manoel Cartucho não precisaria de mais leitos, de mais recursos materiais? A construção de um bosque seria uma prioridade?
Lamentavelmente conclui que, infezlimente, na administração pública as ações nem sempre são uma questão de prioridades. Sem querer fazer absolutamente qualquer afirmação, fica-me parecendo que no serviço público existe trocas de favores e, até mesmo, de interesses, com tamanha falta de prioridades no meu particular juízo de valor. Mas, recuso-me a crer nessa hipótese!